Eu prometi a mim mesma que não assistiria a outro filme de terror tão cedo. Mas uma noite dessas eu estava de bobeira assistindo TV e eis que Darkness está passando. Eu pensei, "bem, não estou com sono, vou assistir se eu ficar com muito medo é só desligar, não tô pagando mesmo". Eu assim vi o filme quase todo. Quando eu comecei a assistir já tinha passado o primeiro bloco, e como eu sempre zapeio durante os comerciais eu acabo perdendo um pedacinho todo começo de bloco. Mas a história se desenrola lentamente, então deu para entender. Dessa vez não vou contar o filme com tantos detalhes quanto no post anterior, primeiro porque não vi o filme inteiro e depois porque desta vez não preciso escrever tão exautivamente para chegar a uma conclusão (às vezes eu preciso escrever cada passo que meu raciocínio dá para conseguir chegar a uma conclusão sem me perder em uma miríade de caminhos alternativos). Que não é uma conclusão sobre o filme todo propriamente, porque não vi pistas tão claras como em "Arraste-me para o Inferno" de que esse é o entendimento do roteirista.
A partir daqui é spoiler
O que me chamou atenção é que a personagem da Anna Paquin poderia perfeitamente frustar o plano da Escuridão ainda que não soubesse todos os detalhes deste plano. Bastava sequestrar o irmão (durante o dia, de preferência), levá-lo para bem longe, de forma que a família não pudesse encontrá-los até o eclipse ter passado.
Mas ao invés disso ela recorreu aos adultos, e esse comportamento é que realmente determinou seu fracasso.
Primeiro a mãe não acreditou nela (óbvio). O pai, frustrado por desconfiarem dele, tomou a overdose de remédios, no intuito de garantir a todos que ele não é uma ameaça.
O avô, por sua vez, estava no comando do sacrifício.
A menina (não lembro o nome da personagem), confiou nos adultos, contou a eles tudo o que sabia e obedeceu-os sempre, mesmo ao avô maléfico.
Então ela própria deu causa à vitória da Escuridão, quando poderia tê-la derrotado.
Em Darkness, os adultos não são confiáveis, nem mesmo os da sua família. Ou são fantoches ou são os próprios artífices dos planos da Escuridão. São mentirosos, dissimulados, bem ao gosto do Caos.
Enquanto isso, as crianças realmente enxergam o mundo. O filho caçula via os fantasmas das crianças assassinadas, percebia o que havia de errado mas sendo muito pequeno, não conseguia processar essas percepções ou expressá-las ou fazer qualquer coisa a respeito.
Já a adolescente percebia pior, mas tem capacidade de agir. Ela está no meio do caminho, entre a clareza e a impotência das crianças e a ignorância conveniente e proposital dos adultos, estes autônomos, mas inertes (não no sentido de parados, mas no sentido de se deixar levar pelas forças exercidas sobre você).
Parcialmente banhada de luz, ela poderia ter seguido seus instintos, mas escolheu fazer o jogo dos adultos, movendo-se no sentido das sombras.
O avô maldito disse que a Escuridão sempre vence, ela sempre encontra seu caminho.
Talvez ele esteja certo. Não conheço ninguém que não jogue, que em nenhum momento da vida não tenha escolhido mentir para os outros ou para si mesmo, que nunca tenha dissimulado, que nunca tenha escolhido a ignorância, que não tenha escolhido as coisas simbolizadas pela escuridão.
Não percorremos todos esse caminho da menina do filme?
Dizem que Jesus, Buda e outros fizeram o caminho alternativo, cresceram sem se corromper.
Estes, infelizmente, eu não conheço. Escreveram muito a respeito deles, mas escrituras não são o caminho.
A partir daqui é spoiler
O que me chamou atenção é que a personagem da Anna Paquin poderia perfeitamente frustar o plano da Escuridão ainda que não soubesse todos os detalhes deste plano. Bastava sequestrar o irmão (durante o dia, de preferência), levá-lo para bem longe, de forma que a família não pudesse encontrá-los até o eclipse ter passado.
Mas ao invés disso ela recorreu aos adultos, e esse comportamento é que realmente determinou seu fracasso.
Primeiro a mãe não acreditou nela (óbvio). O pai, frustrado por desconfiarem dele, tomou a overdose de remédios, no intuito de garantir a todos que ele não é uma ameaça.
O avô, por sua vez, estava no comando do sacrifício.
A menina (não lembro o nome da personagem), confiou nos adultos, contou a eles tudo o que sabia e obedeceu-os sempre, mesmo ao avô maléfico.
Então ela própria deu causa à vitória da Escuridão, quando poderia tê-la derrotado.
Em Darkness, os adultos não são confiáveis, nem mesmo os da sua família. Ou são fantoches ou são os próprios artífices dos planos da Escuridão. São mentirosos, dissimulados, bem ao gosto do Caos.
Enquanto isso, as crianças realmente enxergam o mundo. O filho caçula via os fantasmas das crianças assassinadas, percebia o que havia de errado mas sendo muito pequeno, não conseguia processar essas percepções ou expressá-las ou fazer qualquer coisa a respeito.
Já a adolescente percebia pior, mas tem capacidade de agir. Ela está no meio do caminho, entre a clareza e a impotência das crianças e a ignorância conveniente e proposital dos adultos, estes autônomos, mas inertes (não no sentido de parados, mas no sentido de se deixar levar pelas forças exercidas sobre você).
Parcialmente banhada de luz, ela poderia ter seguido seus instintos, mas escolheu fazer o jogo dos adultos, movendo-se no sentido das sombras.
O avô maldito disse que a Escuridão sempre vence, ela sempre encontra seu caminho.
Talvez ele esteja certo. Não conheço ninguém que não jogue, que em nenhum momento da vida não tenha escolhido mentir para os outros ou para si mesmo, que nunca tenha dissimulado, que nunca tenha escolhido a ignorância, que não tenha escolhido as coisas simbolizadas pela escuridão.
Não percorremos todos esse caminho da menina do filme?
Dizem que Jesus, Buda e outros fizeram o caminho alternativo, cresceram sem se corromper.
Estes, infelizmente, eu não conheço. Escreveram muito a respeito deles, mas escrituras não são o caminho.